“E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8:32).

Norman Geisler escrevendo sobre a verdade, afirma:

1) A verdade é descoberta e não inventada. Ela existe independentemente do conhecimento que uma pessoa tenha dela. Por exemplo, a lei da gravidade já existia antes de Newton.

2) A verdade é transcultural. Se alguma coisa é verdadeira, então é verdadeira para todas as pessoas, em todos os lugares, em todas as épocas, como por exemplo, o resultado de 2+2.

3) A verdade é imutável, embora a nossa crença sobre ela possa mudar, como por exemplo, quando passamos a acreditar que a terra era redonda em vez de plana. A verdade sobre a terra não mudou. O que mudou foi a nossa crença sobre a terra. As crenças das pessoas não podem mudar a verdade.

4) Todas as verdades são verdades absolutas, embora pareçam relativas. A verdade permanece a mesma, o que é relativo é a nossa percepção dela.

O conceito de “verdade”

Filósofos da antiga Grécia debatiam a natureza da verdade. Eles discutiam se ela era real e absoluta, ou relativa e ilusória. Suas dúvidas podem ter sido refletidas numa questão de Pilatos: “Que é a verdade?” A resposta está num versículo do ensinamento de Jesus: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8:32). “Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade? E dito isso, de novo saiu a ter com os judeus, e disse-lhes: “Não acho nele crime algum” (Jo 18:38). Como Pilatos poderia considerar Jesus inocente, se não sabia o que era a verdade? Pilatos podia não saber sobre a verdade, mas não podia desconhecer a existência dela, já que ele sabia que Jesus era inocente. Portanto, a sua pergunta não tem nenhum sentido.

O conceito de verdade tem estreita relação com o de fidelidade (Sl 25:4-5,10). A verdade é de extrema importância na relação do homem com Deus: É preciso conhecer a verdade (Jo 8:32); obedecer a verdade (1 Pd 1:22); adorar em verdade (Jo 4:24); andar em verdade (2 Jo 4); amar com a verdade (Ef 6:14) e amar a verdade (2Ts 2:10). Aqueles que se desviam da Verdade estão perdidos (Tg 5:19). Aqueles que não andam segundo a Verdade serão repreendidos por Deus (Rm 1:25); aqueles que não estão com a Verdade seguem seu pai o Diabo (Jo 8:44). Jesus orou ao Pai: Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade (Jo 17:17).

“A verdade”

Jesus fala sobre a verdade como algo exato e objetivo. Em outra parte Ele nos fala que a verdade é a palavra de Deus revelada. Quando ele falou com seu Pai (João 17:17), Ele disse: “Tua palavra é a verdade”. Quando Jesus falou sobre a verdade, Ele não estava fazendo abstração resultante de um intenso pensamento humano, meditação, lógica ou de um debate. Ele não definiu a verdade em termos subjetivos como uma coisa qualquer que as pessoas escolheriam acreditar. Jesus definiu a verdade como uma revelação eterna! A palavra de Deus é verdadeira independente do fato de haver concordância com isso, de aceitar e de obedecer, ou rejeitar e contestar.

No Novo Testamento, em 2 Tm 3:16-17, o apóstolo Paulo disse: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. Ele também disse que seu ensino não tinha palavras de sabedoria humana, e sim palavras reveladas pelo Espírito Santo (cf. 1Co 2:9). O Apóstolo Paulo disse também em 2 Tm 3:16-17: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 7Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”. E o Apóstolo Paulo também ensinou que não tinha palavras de sabedoria humana, e sim palavras reveladas pelo Espírito de Deus (1 Co 2:9-13). O Salmo 119:89 diz claramente: “Para sempre, ó Senhor, está firmada a tua Palavra no céu”. E o Sl 33:4: “As palavras do Senhor são verdadeiras; tudo o que Ele faz merece confiança”.

Deus revelou a verdade como certa e absoluta. Ele não aprova distorções ou modificações das Escrituras para que se ajustem aos caprichos humanos. Significa que todos devem escolher como responder a esta revelação de Deus para obedecê-la ou rejeitá-la, aceitar tudo o que Deus disse, ou somente partes do que foi dito. Aproximadamente três mil anos atrás o escritor de Salmos disse: “Para sempre, ó Senhor, está firmada a tua palavra no céu” (Sl 119:89). “O temor do Senhor é bom e dura para sempre. Os seus julgamentos são justos e sempre se baseiam na verdade” (Sl 19:9). “As palavras do Senhor são verdadeiras; tudo o que Ele faz merece confiança” (Sl 33:4).

“Conhecereis”

Existem 4 formas de se adquirir conhecimento:

1) empírico ou prático das coisas;

2) filosófico gerado pela dúvida e especulações sobre alguma coisa;

3) Científico – que aprimora com pesquisa o conhecimento prático

4) Teológico –

  1. a) busca o conhecimento através do intelecto ex: Dn 9:2; 2 Tm 4:13:“No primeiro anos do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número dos anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de cumprir-se as desolações de Jerusalém, era de 70 anos”. 2Tm 4:13: “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos”.
  2. b) busca do conhecimento de maneira transcendente: Daniel orou 21 dias e recebeu a revelação divina: Dn 10:12-14; Paulo 2 Co 12:7. Jesus não mostra a verdade como um objetivo ilusório e inatingível. Ele diz: “Conhecereis a verdade”, Jesus ensinou que podemos e devemos conhecer a verdade. Podemos conhecer a verdade hoje do mesmo jeito que o povo de Beréia fez no primeiro século: Eles procuraram por elas, examinando a cada dia nas Escrituras (cf. Atos 17:11). Podemos distinguir o certo do errado. O apóstolo Paulo instruiu os tessalonicenses: “julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de mal” (1Ts 5:21-22).

 Jesus aceitou as histórias do Antigo Testamento como sendo verdadeiras, como a existência dos patriarcas (Mt 22:32; Jo 8:56), o chamado de Moisés perante a sarça ardente (Mc 12:26), a visita da rainha de Sabá a Salomão (Lc 11:31), o ministério de Jonas (Lc 11:30), o assassinato de Abel e Zacarias (Mt 232:35), o fato de Davi comer os pães da proposição (Mt 12:3), Noé e o dilúvio (Lc 17:26s), Ló e a destruição de Sodoma (Lc 17: 28); o juízo de Tiro e Sidom (Mt 11:21s); e o ministério de Elias e Eliseu (Lc 4:26s). E ainda aceitou os milagres registrados (Jo 3:14). Jesus aceitou as profecias do AT (Mt 11:10; Mc 7:6). Ele aceitou a ética do Antigo Testamento como normativa (Mt 5:17; 19:3-6; Mc 10:19). Declarou que as Escrituras do AT tinham como propósito revelá-Lo (Lc 24:46; Jo 5:39, 45). Não é de se surpreender, portanto, que se manifestassem quem não acreditava nelas (Mt 22:29s; Lc 24:25), ou quem lhe tirava a autoridade divina, apelando para as tradições humanas (Mt 15:3). Assim, Jesus aceitou a autoridade das Escrituras Sagradas e em nenhum momento enfatizou sua autoridade pessoal à das Escrituras. Ele aceitou a autoridade das Escrituras em duas questões centrais: seus ensinos e seus atos (Mt 12:3-5; 19:4s; Jo 10:35), e seu ministério messiânico (Mt 26:24, 53s; Lc 24:46).

O Novo Testamento diz que é possível saber a verdade. Em Hb 10:26, o escritor fala das pessoas que tinham “recebido o pleno conhecimento da verdade”. O apóstolo João falou com esse grupo de pessoas que receberam esse conhecimento da verdade (1 Jo 2:21: “Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade”). Paulo condenou aqueles que estão “sempre aprendendo, mas que jamais podem chegar ao conhecimento da verdade” (2 Tm 3:7). Por que receberam tão severa crítica? Porque eles fracassaram em aprender a verdade resistindo assim à Palavra de Deus. Eles não compreenderam a verdade porque assim não a quiseram (cf. 2 Tm 3:8). Nós podemos saber a verdade.

“…a verdade vos libertará”

A liberdade é valorizada universalmente. Inúmeras pessoas têm sacrificado suas vidas esforçando-se para assegurar sua própria liberdade sócio-política. Verdadeiramente, em todas as nações do mundo. o encarceramento é considerado como uma severa punição para aqueles que violam a lei. Tão valiosa  quanto a liberdade social e política, é a liberdade que Jesus nos fala em João 8:32. Esta liberdade é mais significativa porque o conhecimento da verdade contido na Palavra de Deus (Bíblia) conduz à retomada do vínculo espiritual e livra da eterna separação de Deus. Para isso, Jesus se ofereceu para libertar a humanidade das consequências da rebelião contra Deus.

O apóstolo Paulo diz em Rm 1:16: “… o Evangelho de Cristo é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”. Deus escolheu o uso da Sua Palavra, que é verdadeira para salvar todo pecador. Deus, contudo, não força o ser humano a ser liberto. Infelizmente muitas pessoas rejeitam a liberdade que Deus oferece e permanecem presas em seus próprios pecados. Jesus usou as palavras do profeta Isaias, para descrever a triste condição daqueles que não aceitam a liberdade divina: “Porque o coração deste povo está endurecido, de mal grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados” (Mt 13:15).

Deus uniu a salvação com a objetiva verdade da Sua Palavra. Quando nós aprendemos a obedecer à verdade revelada na Palavra de Deus, podemos estar certos da nossa salvação. João falou do nosso relacionamento com Deus quando ele disse: “Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade” (1 Jo 2:3-4). Deus nos providenciou a Sua Palavra para que, com confiança e segurança possamos conhecer a verdade. O mesmo Deus que nos criou e nos deu a habilidade de comunicação deu também a habilidade para conhecermos, entendê-la e transmitir a sua vontade aos outros.

Num mundo cheio de dúvidas pelo grande número de religiões, nós podemos achar esperança nas palavras de Jesus: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará! Se, pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. Disse-lhes Jesus: Eu sou o caminho, A VERDADE e a vida, ninguém vem ao Pai, senão por mim” (Jo 8:32, 36; 14:6). A verdade é imutável: Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje e eternamente. (Hb 13:8).

Pilares da verdade: Dt 32:4 – Deus é a Verdade; Jo 14:6 – Jesus é a Verdade; Jo 14:17 – O Espírito Santo é a Verdade; Jo 17:17 – A Palavra é a verdade; Sl 119:151 – todos os mandamentos são verdades. A VERDADE É DEUS (Is 65:16: “Assim que aquele que se bendisser na terra, se bendirá no Deus da verdade; e aquele que jurar na terra, jurará pelo Deus da verdade; porque já estão esquecidas as angústias passadas, e estão escondidas dos meus olhos”).

Jesus é a Palavra de Deus que se tornou carne, o Filho unigênito do Pai, “cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14). Tudo o que Jesus disse é a verdade porque falou da verdade que ouviu de Deus Pai (Jo 8:40). Prometeu a seus discípulos que enviaria o “Espírito da Verdade” (Jo 14:17; 15:26; 16:13) ele habitaria nos cristãos para sempre (Jo 14:16), testificaria de Jesus (Jo 15:26), guiaria os cristãos na verdade (Jo 16:13) e glorificaria o Senhor Jesus (Jo 26:14). Jesus disse: “Eu sou o caminho a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14:6) Jesus e a revelação dada pelo Espírito da Verdade por meio de seus apóstolos são a última e final revelação e definição da verdade sobre Deus, seu povo, a redenção, a história e o mundo. “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1: 17).

Diz o Salmo 119:142: “A tua justiça é uma justiça eterna e a tua lei é a própria verdade”; “…Todos os teus mandamentos são a verdade” (Sl 119:151) e “as tuas palavras são em tudo verdade” (Sl 119:160). Em virtude de sua pureza e vontade perfeitas, Deus não pode mentir, só pode falar e agir em verdade e Sua verdade vai sempre reinar. Veja mais: Hb 6:18; Tg 1:17-18).                                                                                      Por Valdely Cardoso Brito